Em tempos de sol e de ondas
Rios saltam em cataratas
Enquanto homens cochilam
E dormem de olhos abertos!
O pão de cada dia
É o trigo de todo dia
E em apitos de fábricas
Consomem-se as horas
Em ideias que vingam...
Em se vingando florescem
E frutificam opções:
Pode ser, pode não ser,
Eis a eterna discussão.
Mas o vendaval que se avizinha
Não soprará por acaso
A chama do mais querer.
E outra vez mais
Nos campos arados
O trigo germinará...
Enquanto na gaiola dourada
Liberto da sua sina
Gorjeia impotente um passarinho!
São João del-Rei, 10/05/1986.