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sábado, 15 de dezembro de 2018

Sonhos e passos


Os sonhos nos levam além dos nossos passos
Das amarras dos nossos passos!
Daí não sobra tempo pra ouvir músicas
Pra curtir a chuva e nem cantar no chuveiro
Nem mesmo pra ver passar
O tempo que vai passar!...

Nos perdemos nos passos...
E nossos passos miúdos
Não acompanham os sonhos

A vida passa sem pressa
E nos deixa apressados
Inertes e sem caminho!

São João del-Rei, 15/12/2018

sábado, 8 de dezembro de 2018

Pássaro que volta!

Esqueço os ninhos
Renego os amores
Renuncio à vida...

Faço-me embrião
E regresso sedento
Ao útero materno.

Manaus, 30/10/2002

sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Encantado


Canta-se a vida,
Canta-se os encantos!
E meio encantado
Canta-se aos ventos
Contos sublimes de amor!

Conta-se aos ventos
Histórias de puro amor!
Canta-se e encanta
Os amores nos cantos
Que encantam o viver

Em histórias aos ventos
Canta-se histórias do tempo
Canta-se o tempo nos cantos
Canta-se os cantos do tempo
E o tempo de vida encantada
Baila cantando no vento!

Boa Vista, 05/05/2004.

segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Alucinação



Uma taça de vinho
Inebria o corpo.

Vinho tem alma!

Confunde
E acalma,
Errantes espíritos
Irrequietas almas!

terça-feira, 31 de julho de 2018

Caminho certo


Não se sabe o que será
Nem se sabe se será,
Sabe-se que a retina dos olhos
Contempla eras de esperança
Ao acender-se a lamparina

E tudo se torna perene
Ante ao lampejo fulgurante
Que resplandece a eternidade
Num simples piscar da ilusão!
Ou seria do atrevimento?...

Mas ousar faz caminhar
E a caminhada faz chegar
Não se sabe aonde será
Nem se sabe como será,
Sabe-se, contudo, que será! 

Meaípe, 31/07/2018

segunda-feira, 30 de julho de 2018

De atos e de fatos


O ato, o fato, a história
História escrita na memória
História foi escrita, não volta não,
História a ser escrita, também volta não!
Memória se escreve com história
História com informação...

O ato é história, história do ato
O fato é história, história do fato
A memória é história, história da memória

Memória sem ato
Ato sem fato
Fato sem história
História sem futuro
Futuro sem memória!

Meaípe, 30/07/2018

quinta-feira, 26 de julho de 2018

Força motriz


Um facho de luz

Reluz
Em feixe direto
Sobre o crepúsculo
Das horas incertas

E reacende, com certeza,
A certeza
De que o sentido
Consentido
Faz a vida
Prosseguir!

Boa Vista, 16/12/2004.


sábado, 7 de julho de 2018

Minha prece



Se eu fosse um peixinho e soubesse voar
Com o cardume voava prá longe do mar!

Se eu fosse passarinho e soubesse nadar
Nadava com o bando para o fundo do mar!

Se eu fosse um menino e soubesse rezar
Rezava aos céus para a história voltar,

Aos tempos em que peixes podiam nadar,
Livres nas águas profundas do mar.
Os pássaros nos ares podiam voar
E meninos sem medo sabiam rezar!

Boa Vista, 24/10/2003.

quarta-feira, 4 de julho de 2018

Missão


E o que posso fazer
Além de morrer?

Posso viver,
Cantar e entender, 
Posso até esquecer,
Que a morte na contramão
Tem seu duplo sentido.

Posso viver,
Calar ou dizer
Que a vida na própria mão
Tem seu único sentido!

Várzea da Palma, 06/05/2005.

sábado, 2 de junho de 2018

Entendimento

Dois mais dois
Igual a quatro.
Lógica sem nexo,
Nexo imbecil,
Menino cresceu e partiu!

O mundo gira, tem sentido!
O giro gira e traz a noite
Noutro giro traz o dia,
E o mundo gira... e gira...
E faz sentido?

A gente nasce, nasce o dia
A gente cresce é meio dia
A gente morre é fim do dia!  

A gente nasce, cresce e morre
A gente cresce e morre
A gente morre!
Do lado direito de quem vem
Do lado esquerdo de quem vai
O mundo gira consentido!
Dois mais dois igual a quatro
Qual é mesmo o sentido?!...

São João del-Rei, 02/06/2018

quinta-feira, 31 de maio de 2018

Determinismo


Em tempos de sol e de ondas
Rios saltam em cataratas
Enquanto homens cochilam
E dormem de olhos abertos!

O pão de cada dia
É o trigo de todo dia
E em apitos de fábricas
Consomem-se as horas
Em ideias que vingam...

Em se vingando florescem
E frutificam opções:
Pode ser, pode não ser,
Eis a eterna discussão.
Mas o vendaval que se avizinha
Não soprará por acaso
A chama do mais querer.

E outra vez mais
Nos campos arados
O trigo germinará...
Enquanto na gaiola dourada
Liberto da sua sina
Gorjeia impotente um passarinho!

São João del-Rei, 10/05/1986.


segunda-feira, 28 de maio de 2018

Canto à solidão

Uma voz vem de dentro
Espio em volta,
Em volta do escuro,
Escuto,
Escuto vagamente,
Um silêncio profundo.

Uma voz vem do vento
E borboletas desatentas
Bailam leves no ar!
Escuto o vento
E ele não diz nada.
Canta, apenas!
Só canta
E só...


São João del-Rei, 09/06/87

domingo, 1 de abril de 2018

Vida e Luz


Que a Páscoa nos traga Luz
E a Luz ilumine nossas Vidas!
Precisamos de Vida e de Luz,
Mais de Luz do que de Vida,
De mais Vida sob a Luz!

A Luz delineia horizontes
E nos permite traçar caminhos!
Caminhos de idas e voltas
Caminhos de idas sem voltas
Pelos curtos atalhos da Vida!

Caminhos de chegadas e partidas
Traçados sob fachos de Luz
Emanados da própria vida!

São João del-Rei, 01/04/2018

terça-feira, 27 de março de 2018

Mar vermelho


Páscoa...
Passagem!
A terra em trajetória orbital
Segue leve e nos conduz
Nessa viagem de luz
Pelo espaço sideral.

Onde estamos?
Aonde vamos?
Nem sabemos bem...
Nem sabemos nada.

Nem sabemos
Que o mar vermelho
É cada dia mais vermelho
Coalhado de sangue e de lutas
Sangue inocente (indecente!...)
Alta cotação da servidão!

Que o cajado da esperança,
Em breve rasgá-lo-á
Rumo à terra prometida

Livre terra das promissões,
Se aos nossos olhos ausentes,
Grafa-se em mapas vigentes
Dentro dos nossos corações

Corações de sonhos e aspirações,
De esperança na igualdade,
Edificada na liberdade!

Boa Vista, 17/04/2003.


sábado, 24 de março de 2018

O presente de agora


O tempo se conserva em fotografias,
Em letras, em tintas e em melodias!

Roubar do passado o que ele levou,
Achar no futuro o que ele guardou,
Assim, oferecer espaço ao presente,
Atrelar cada instante por passarelas
E enquadrar a vida nessa aquarela!

O passado, como tempo, já passou
O futuro, ainda incerto, não chegou
Só o presente pode ser um presente
Para a vida instantânea, eternamente!

Três Corações, 22/03/2018

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Ter e ser

Esse meu corpo pesado 

E a minha alma (des) cansada
Não pertencem a mim.

Não sou dono de nada
Nem da roupa que me cobre
Nem das flores do jardim!

Sou, contudo,
Parte de tudo.

Sou o fio do novelo
Que tece a teia do universo
Sou matéria das estrelas
Semeada a céu aberto...

Sou essência condensada
Sou semente emprestada
Desse chão que me brotou!

São João Del-Rei, 15/07/2009

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Filhos da Terra

Quantos caminhos se constroem
Na estrada de ida da vida?
Rasgam-se as entranhas da Terra
Extraem seu ouro e sua essência
Fazem colares, adornam os povos
E guardam-se as joias nos cofres!

Os rios lacrimejam de dor
Carreando antes do tempo
Sua essência em suspensão!
Quem é aquele (ou aquilo) que passa,
Na velocidade da ambição coletiva?
Onde estamos, aonde vamos?
Ou será que o bonde já passou!...

São João del-Rei, 15/01/2015

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Imagem do jornal

O Papa calmamente
Com uma bolsa na mão
Escala as escadas do avião!
Volta-se sutilmente
E acena santamente
Para o mundo cristão

(Ou não!...)

O que leva naquela bolsa
Rumo a sua nova jornada?
Seria uma camisa surrada
Ou a esperança renovada?


São João del-Rei, 15/01/2017