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terça-feira, 28 de junho de 2011

Coração desfolhado

Farfalham folhas no meu coração
E as sementes voam pelos mares
Farfalham flores no meu coração
E as sementes brotam pelos ares.

E no vai-e-vem cúmplice das folhas
O meu coração navega sem tino
Enraizado no vento, indo e vindo,
Desabrocha velhas sementes
Plantadas à força no meu peito!

São João del-Rei, 28/01/2005

sábado, 25 de junho de 2011

O som da floresta



            (Em homenagem ao festival de Parintins)

Calam-se os pássaros
Calam-se os bichos
Emudecem-se as pessoas
Num toque de magia
A floresta silencia
Para ouvir o que ressoa
Nos cantos dos cantos
Do planeta que se curva
E reverencia em cantos
Os encantos da floresta
Inundada pela festa!

Tambores... Oboés... Flautas... Filarmônicas...
Entoam toadas e ressoam cantigas
No meio da selva em explosões harmônicas
Guerreiros renascem das tribos antigas.

Num instante de magia transforma-se o cenário
Aplausos de euforia e o silêncio dos contrários
Conduzidos pelo ritmo estonteante da morena
Boi Vermelho e Boi Azul pelejam na arena.

A dança cai em pingos qual a chuva no sertão

Lava a alma adormecida em cada filho da nação
Meio-gente, meio-cobra, meio-peixe em aluvião,
Silenciam-se os tambores quando brota o clarão
E a aurora marca data para nova altercação.

Várzea da Palma, 11/05/2005.

domingo, 19 de junho de 2011

Minha companhia

Nos caminhos onde andei
Nunca estive só,
Embora visto assim,
Estiveste comigo.
E só eu sei
Sei que o meu coração
Não cansou de carregar-te
E alegrou-se em amparar-te
Em cada passo que trilhei.

Boa Vista, 02/08/2004

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Acolá e mais além

Sonhos, sonhos vivos,
Uma nuvem preguiçosa
Esvai-se.

E o sol sem nuvens
Aqui e acolá
Explode incontinente
As cancelas do peito.

Uberlândia, 20/10/1990.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Estrada de volta

Que essa estrada me leve
Para bem longe daqui
E que me traga de volta
Quando chegar a saudade
Dessa terra onde nasci!

Nem todos comigo irão
Porém comigo estarão
E quando o frio apertar
Quiçá tenhamos lugar
Na soleira do fogão!

E pelo mundo em lembranças
Entre conquistas e andanças
De tudo muito antes quisera
É que essa estrada deveras
Leve-me aos tempos de criança
Ao mundo mágico da infância!

Boa Vista, 11/08/2003.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Episódios vespertinos

Apressados... Inconsequentes...
Transeuntes germinam do asfalto
Carros congestionam as calçadas
Motoqueiros inventam preferências...
E o guarda suado e impotente
Faz gestos mecânicos
Estrilando a direção
Na disposição da mão
Que indica a contramão!

No tumulto vespertino
Malroupido o menino
Ensaca suas miçangas
E sob olhares ausentes
Da alquebrada multidão
Furta adequada carona
No pára-choque do lotação
Rumo à ínfima quietação
Que dura, por conseguinte,
Até a longínqua manhã
Do próximo dia seguinte!

Várzea da Palma, 09/07/2005

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Com paixão


Compaixão
Retrocedo-me no tempo
E humilhado despenco
Do alto do viaduto.

Com paixão
Equilibro-me na corda bamba
E avanço vida adentro...

Boa Vista, 10/05/2004.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Antídoto


Experimento do meu próprio veneno
E por vingança ou por descuido
Depuro o sangue viciado
Num cântaro de barro,
Ou, quem sabe até,
Em veias frágeis de porcelanas?

A vida consistente caminha
E o caminho traz de volta
A vida frágil e persistente
Que por capricho ou sina
Resiste e não caminha!

Boa Vista, 06/10/2004