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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Desperdícios


Mundo cibernético
Conhecimento frenético
Luzes, cores, velocidade...

Gestalts e insights programados
E o meu coração assombrado
Descarta o que eu não posso ter!

Boa Vista, 07/03/2004

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Sobre areias

Nos corpos a água e o sal
E marcas obscenas do sol
Estendidos sobre areias
O pecado e a salvação.
O mar se curva à tentação
Lambe sem pudor ou receio
Nádegas, pernas e seios.

E os balanços das nádegas
Em compasso com águas
Induzem desejos em ondas

Sobre areias e sob olhares
Abundam formas delirantes
A brisa exala hidratantes,
Protetores solares...
Libidos nos ares!

Corpos falam e seduzem
Tantos seios, tantas nádegas,
Nadam e nada
Faz-se indiferente
Sobre areias
Sereias
De sol
E sal.

Boa Vista, 14/03/2003.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Sem respostas

Há coisas que não se explicam...
Há tantas coisas que não se explicam
Mas o coração aflito não sossega
E nem a vida serena prossegue
Quando não as indagamos.

Os homens criam caminhos
Caminhos nos indicam respostas
Enquanto se constroem passagens
Sobre as sólidas plataformas
Das perguntas sem respostas.

Corinto, 22/08/2007

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Escolhas

Ao nascer não as temos
Ao viver as fazemos
E com elas convivemos.

São fardos permanentes
Dos quais
Não nos libertamos.
Se boas ou não,
São nossas... as fizemos!

A cada dia... a cada instante...
A cada momento escolhemos
Se queremos... Se não queremos!

E se quisermos... escolhemos.
Se não quisermos... escolhemos.
Se não escolhermos... escolhemos!

Manaus, 24/10/2003.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Mistérios

O oceano que banha
Do meu eu as entranhas
Guarda vidas estranhas
E revela os seres que sou.

Quantos de mim vivem na água?
Quantos na terra e no ar?
Será vida o que sinto
Ou será sonho
Acordado
Antes de o sono chegar?

Que mistérios ocultam
Fragmentos a pensar?
Tudo é terra, tudo é mar,
Tudo é átomo no ar
E minha alma condensa
A consciência em essência
Dessa matéria densa
Livre e leve
A bailar!

Boa Vista, 29/07/2003

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Gênesis

Distraidamente,
Um espermatozoide ancestral
Meio homem,
Meio animal,
Projetou-me à revelia
No seio do futuro
Dos dias de hoje em dia.

Várzea da Palma, 14/03/2006

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Caminhada

As tardes avermelhadas do outono
Desvendam com seus perfumes
A primavera distante por vir

(não sem antes o inverno vencer!)

Viva e ardente em cada mente
Como a semente presente
Nessa tristeza quase alegre
Que contagia com alegria
Os corações germinados.

Boa Vista, 21/02/2011.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Cumplicidade nas ruas

A chuva derrete os cabelos do guarda
Que baila ao som do apito agitado
No semáforo aberto...
Agora fechado...
Aberto...
Fechado...

O ciclista encharcado
Invade o farol
E abre um sorriso debochado
Com ar superior
De quem transgrediu
A lei alheia.

Do morro adjacente
A lama em avalanche
Mistura-se sem parcimônia
À cerimônia consentida
Que reflete a lama escondida
Nos barracos e palacetes.

Várzea da Palma, 09/07/2005

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Força motriz

Um facho de luz
Reluz
Em feixe direto
Sobre o crepúsculo
Das horas incertas

E reacende com certeza
A certeza
De que o sentido
Consentido
Faz a vida

Prosseguir! 

Boa Vista, 16/12/2004.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Reflexos incontidos

A estrutura
Moldura
A estatura
Madura
Que dura
E perdura
Em pedras...
Pedregulhos...
Orgulho concreto
De brumas e de espumas
Quebradas nas rochas mochas
Chochas conchas e esponjas
Em fios e espelhos se espalham
Refletidos e contidos
Nas ondas vagas
Do vago olhar
Incontido
A vagar!

Boa Vista, 24/11/2003

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Banquete virtual

A carne é fraca, mas a alma resiste.
A alma fraqueja quando a fome persiste
A miséria se acalma quando a esperança insiste
Que a vida feliz consiste
Em conformar-se e viver
E conformado ser 
Um ser feliz!

Várzea da Palma, 06/03/2006.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Investigação

Meu coração não é um
São múltiplos corações.
De manteiga quando chora
Ou de pedra quando é hora...

Ora de mãe, ora de pai,
De algoz alguma vez,
Ora de monge,
Bem de longe
Apaixonado...
(In) sensatez!

Há uma sobrecarga em mim,
Como caber no meu peito
Tantos corações assim?!...

Manaus, 25/10/2002.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Ponto de vista

Do ponto de vista
Em que a ciência avista
E revista o obscuro
Vê-se um facho escuro
Rasgando em luzes
Um buraco negro.

No fim de tudo
Onde a vida termina
Onde a matéria termina
Onde nada termina,
A poeira em essência
Explode e restaura
O desfile apoteótico
Que estremece a avenida.

Várzea da Palma, 28/04/2005

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Ousadia no pânico

A porta entreaberta da varanda
Abriu meus olhos e meus poros
Para tudo o que eu não queria.

Talvez quisesse!

Afinal,
O medo é uma porta,
Estreita passagem secreta,
Que nos comprime contra as paredes
Ásperas e escuras do útero
E nos expele à revelia
Rumo à vida passageira.

São João del-Rei, 16/06/2009

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

De dor e de amor

Se para isso fomos feitos
Para rir e chorar
Então choremos
Choremos de rir
Riamos de dor
Riamos da dor
Choremos de amor

Se para amar fomos feitos
Então amemos
Amemos na dor,
Amemos no amor!

E quando apertar o coração
Ou de dor, ou de amor,
Encorajemos o coração
A deixar em nossos olhos
A esperança florescer,
Como o brotar do orvalho!
E com seu brilho orná-los
Na dor e no amor!  

Boa Vista, 07/09/2003.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

O plantador

Há tempos em que semeio amores
Em meio aos canteiros de flores
Noutros somente as sementes
De flores em meio aos amores!

E no jardim dos meus sonhos
Colho adornados ramalhetes
De encantadoras mulheres.

Tão fascinantes como os amores
Tanto eternas quanto as flores!

Lavras, 16/06/2004

Além do coração

Há uma estrada que liga
Meu coração a mim mesmo.
Há uma ponte
Partida
Para o mundo
Onde os sonhos
Desafiam o espaço
E se desfazem em razões
Como nuvens no céu
Em figuras fugazes
Ou como chuvas nos mares.

Manaus, 18/10/2003.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Uma onda

   
A expressão sintética complica
A expressão aritmética e explica
Os olhos rasos afundados no ar
Olhos fundos arrasados no mar

O mar em ondas se explica
Em ondas de cabelos no ar

E o pensamento que é tudo
Não se explica
Ao contrário se complica
Na vastidão azul
Das ondas serenas do ar
E dos ventos profundos do mar!

Boa Vista, 01/09/2003.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Fim de tarde

Vaidade!
E o tempo passou.
Vai idade
E a velhice chegou.

Boa Vista, 01/06/2004.

De cada lado

Curumim, curumim!
Se a rima existisse
Falaria assim:
Um pra lá
Dois pra cá
Existe não
Existe sim!

Curumim, curumim!
Se a vida rimasse
Cantaria assim:
A cadência de lá
Não existe de cá!

Várzea da Palma, 28/11/2005

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Retrato falado

A palavra é o que pensas
É tudo o que és
É tuas crenças.

É o insumo das mentes
Verdade quando mentes
E com fé a consentes...
É mentira se não convences!

É treva... Raio... E luz
Estrada que conduz
Em via vai-e-vem
Ao céu, inferno e além!

Leva-te e traz-te
Condena-te, aliás,
A estares aonde estás!

Boa Vista, 09/08/2003.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Barreiras e rotinas

Crianças cantam na ciranda
faceiras
Adultos dançam na ciranda
financeira
E o sol impávido e soberano
Se põe sobre nossas cabeças
Alheio às nossas cirandas

E ao nascer de cada dia
Em sua missão milenar
Exibe em luzes e cores
Um novo espetáculo
Único e singular!

Boa Vista, 12/03/2003.

Tempo de colher

Quando se escasseiam os frutos
Ou, antes mesmo que o aconteça,
Cuide: regue e lance nutrientes;
Apare galhos, excessos e folhas.

Aguarde o tempo paciente,
Respeite o curso da vida
E não apresse as estações.

Pode ser que os frutos voltem,
Lenta ou rapidamente,
Ou, sequer, pode ser,
Eles nunca voltem!

E se a árvore não brotar
Ou dela frutos não vierem
Não insista, é a vida!
Deixe de lado os lamentos
E plante outra se quiser
Frutos de novo colher!

Manaus, 10/11/2002.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Decisão

Lembre-se, filho,
O caminho de volta
É o mesmo de ida
E na volta
É estrada conhecida.

Portanto,
Não sofra de teimosia.
Voltar, todavia,
É pura decisão.
Fracasso?... 
Evidente que não!...
Quantos nem ousaram
Sair de onde estão?

Boa Vista, 15/09/2003

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Portas abertas

Indução!...
E uma taça de vinho
Despenca da minha mão!
Olho de soslaio
Por detrás da porta (frestas!)
Cacos se juntam em festa
Ao som das luzes
Dos arrabaldes.

As portas se trancam
E os cacos em algazarra
De mãos dadas se levantam.

Desconfiado e quase nu
O sol vence, enfim,
A efêmera batalha
Ad eterna...
Sem fim!...
E de novo e sem alarde
Desvencilha-me de mim!

Belo Horizonte, 01/02/2005.

Fardos e cruzes

O peso da minha cruz
Equivale ao peso contido
Nas minhas escolhas incontidas.

Minhas escolhas se sustentam
Na rigidez das minhas crenças.
Abrem e fecham caminhos
Ardilosos e calmos caminhos
Velhas portas conhecidas
Por onde nunca passei.

São João del-Rei, 26/11/2008.

Antagonismo

Radicais e livres
A vida é uma onda
Radicais livres
A vida é uma bomba!

Boa Vista, 28/03/2004.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Velas e chamas

A vida é uma vela
E singra mares adentro.
A vida é uma vela
E arde exposta ao vento.

No castiçal da esperança
A vida é uma chama
E clama de braços abertos
Por novos mares incertos!

Boa Vista, 04/03/2004.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Presentes


O rio nasce nos mares
Navega dócil tantos ares
E regressa apertado
Apressado entre montanhas.

A vida é sentida no passado
Degustada num passado recente
E nos ilude com brindes efêmeros
Embrulhados em falsos presentes!

Meaípe, 19/01/2005.

Os lados da face

Alinhavo os espíritos esquecidos na memória
E reconstruo a verdadeira história
Na retidão dos parâmetros constituídos
Que consideram indiferentes
O bem e o mal.
Reconhecem apenas
Nossos passos fora dos trilhos.

Reconstruo os espíritos estabelecidos na história
E alinhavo na vaga memória
A fluidez dos parâmetros esquecidos
Que se fixam na dualidade
Onde o bem e o mal
São dormentes que sustentam
O contexto frágil dos trilhos.

São João del-Rei, 05/01/2007.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Partes do todo

O todo é feito de partes que guardam o todo
E a alma humana, por ser essência,
É parte e é todo
E assim
É tudo...

Pois sabe-se na essência
Que a essência
Não se parte.

Corinto, 06/03/2008. 

O pecador contrito

Porto-me resignado na fila da loteria
Onde próxima se faz a remissão.
Outrora, a buscava contrito,
Na fila do confessor

Indulgências seculares
Para o perdão dos pecados
E garantia de vida eterna!

Os pecados modernos
Acenam instantaneamente
Com o dia duradouro de hoje
Com a hora eterna de agora
Com o sonho perene que passou...

E absolvem-se espontaneamente
Nas penitências sentenciadas
Pelas cifras frias grafadas
Em novo extrato bancário.

Corinto, 02/09/2007

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Vislumbre


Do alto da montanha vislumbro o horizonte
Onde desfilam mulheres seminuas
Em silhuetas perfeitas

E assim que elas se vestem
Aciono o interruptor descuidado
Apago a montanha e o sol
E fecho o horizonte deslumbrante
Com as chaves sagradas das regras!

Várzea da Palma, 26/06/2006.