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domingo, 24 de novembro de 2019

Solidariedade


Eu quisera
Compartilhar o meu mundo
Com todo o mundo.
O meu pequeno mundo
É vasto em contornos
E cabem dentro de si
Tantos outros mundos
Que sequer nunca os vi.

Existem, porém,
E não se estendem além
Das fronteiras laterais
Dos meus limites pessoais
Ofuscado por tantos sóis
Muito aquém dos entornos
E dos contornos de mim!

Boa Vista, 22/12/2004.

domingo, 10 de novembro de 2019

Ponto de vista


Do ponto de vista
A ciência avista
Um facho no escuro
Flamejando em luzes
Um buraco negro!

No fim de tudo
Onde tudo termina,
Onde a vida termina,
Onde a matéria termina,
A essência em poeira
Explode e restaura
O desfile apoteótico
Que brota na avenida.

Várzea da Palma, 28/04/2005.

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Força motriz

Um facho de luz
Reluz
Em feixe direto
Sobre o crepúsculo
Das horas alertas
Horas abertas
Incertas!

E reacende, com certeza,
A certeza
De que o sentido
Consentido
Faz a vida
Prosseguir!

Boa Vista, 16/12/2004

sexta-feira, 1 de novembro de 2019

Encontros na rua


A chuva derrete os cabelos do guarda
Que baila ao som do apito agitado
No semáforo aberto...
Agora, fechado...
O ciclista encharcado
Invade o farol, incontinente! 
E escancara um sorriso debochado
Com ar superior, de quem transgrediu a lei alheia.

Alheio ao farol intermitente,
O morro adjacente,
Golfa a lama excedente
Que se mistura sem cerimônia
Ao lamaçal contagiante
Que emoldura sem molduras
Palacetes e palafitas!

Várzea da Palma, 09/07/2005.

domingo, 27 de outubro de 2019

Dizem que sou:


Um campo em flores
Um campo minado
Um campo sagrado
Um campo de bolas
Em campo o meu time! 

Um silvo de cobra
Um réquiem recobra
Um sino que dobra
Um apito manobra
O alarido que sobra.

Sou, apenas, o que fui?...
Serei só o que sou?...
Um retrato sem tela
Suspenso na mente.

O passado e o futuro?!
Incógnitos embrulhados
Em papel de presente!...


Boa Vista, 21/08/2003


Retrato falado


A palavra é o que pensas
É tudo o que és
É tuas crenças.

É o insumo das mentes
Verdade quando mentes
E com fé a consentes...

É mentira se não convences!

É treva, raio... É luz!
É estrada que conduz
Em vias vai e vem
Ao céu, inferno e além!

Leva-te e traz-te
Condena-te, aliás,
A estares aonde estás!

Boa Vista, 09/08/2003.


domingo, 20 de outubro de 2019

Contornos e sentidos


Tudo o que existe,
Existe dentro de mim.
O que há lá fora
Não passa, muito embora,
De mera quimera!

O meu cachorro é diferente do seu,
Ainda que seja o mesmo ele é só meu.
Traz na sua história nossas histórias
De significados, símbolos e sentidos,
Compreendidos e aprendidos,
Apreendidos e entendidos,
Em experiências singulares
Na relação ancestral,
Íntima e única...
Universal.

Boa Vista, 26/06/2004.


sábado, 5 de outubro de 2019

Indagação


Há coisas que não se explicam
Tantas coisas que não se explicam
Mas o coração agitado não sossega
E a vida serena não prossegue
Quando não as indagamos.

Os homens criam respostas
Os caminhos indicam respostas
Enquanto se constroem pontes
Sobre os sólidos fundamentos
Das perguntas sem respostas.


Corinto, 22/08/2007.


sábado, 20 de julho de 2019

Acolá e muito além


Sonhos, sonhos vivos,
Uma nuvem no céu
Esvai-se
E vai!...

E o sol forte
Sem nuvens
Aqui e acolá
Explode incontinente
As cancelas persistentes
Que contornam
O meu peito!

Uberlândia, 20/10/1990.

domingo, 5 de maio de 2019

Força motriz

Um facho de luz
Reluz
Em feixe direto
Sobre o crepúsculo
Das horas incertas

E reacende, com certeza,
A certeza
De que o sentido
Consentido
Faz a vida
Prosseguir!

Boa Vista, 16/12/2004.

domingo, 17 de março de 2019

(Im) perfeição


(Im) perfeição

A perfeição
Encontra-se dispersa
Nas imperfeições
Dum mundo perfeito!

E o que é perfeito?
Um tijolo, enquanto tijolo,
É perfeito em si!
Mas imperfeito se só,
Enquanto querer ser abrigo!

Um sorvete é perfeito
Enquanto não derrete!
Dura tão pouco!...
Dura, contudo, o necessário!
Dura o tempo de uma vida...
Vida breve, vida orquestrada!

E a orquestra perfeita da vida
Acolhe resignada o seu tempo
E arquiteta-se nas imperfeições!

São João del-Rei 17/03/2019

quinta-feira, 14 de março de 2019

Ser Poeta


Fazer versos é dar à luz
Leva tempo e até dói.
Porém, paridas,
As palavras crescidas
Enchem-se de graça
E dançam encantadas
A ciranda ou cirandinha.

Voam alto, repousam longe
Atravessam barreiras dos sons
Contornam limites dos ritmos
E nivelam horizontes em rimas.

Mas, quando cansadas,
Para dormir seus encantos
Retornam meigas à minh'alma
Como delirantes devaneios.

São João del-Rei, 15/06/1987

domingo, 24 de fevereiro de 2019

Outros valores


Sou líquida matéria
E tomo a forma de mim mesmo
Nesse oceano petrificado
Nas grifes de pronta entrega.

A minha essência gaseificada
Evapora-se pelos poros
E abandona vazios,
Nos corredores vazios,
Os balaios das ilusões!

Corinto, 05/10/2006

domingo, 17 de fevereiro de 2019

Ao alcance das mãos


Quando a chuva não vem e as folhas murcham
O tempo pede paciência
E as noites tornam-se longas!
Quando a chuva chega e as folhas brotam
O tempo segue paciente
E dias claros renascem!

Assim, não lute pelo sol,
Porque é luta infrutífera!
Nem tão pouco pela chuva,
Porque é luta infecunda!

Todavia, sem se amainar,
Não deixe de lutar!

Lute com força e valentia
A peleja imperativa...
Lute pelos frutos de amanhã
Nas sementes do hoje em dia!

São João del-Rei, 08/09/2017

sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

Ventos vespertinos

O tempo na verdade
Não é assim, tão cruel,
Cumpre sem vaidades
Seu indelegável papel

À risca... 
Não se arrisca,
Aparta amores,
Alivia dores
E veste, de novo,
O velho de novo!

Compensa as horas perdidas
Na construção do passado
Com ventos vespertinos
Que refrescam na memória
Essa dúbia e confusa história
Dum tempo quase sem tempo
Que sequer tem tido tempo
De celebrar suas vitórias!

Belo Horizonte, 10/02/2005